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Modos Gregos
MODOS GREGOS
Os modos gregorianos, aplicados com frequência em solos de guitarra, recebem muitas vezes abordagens equivocadas quando estudados. Eles, em geral, são associados e empregados de forma mais técnica do que musical. Preocupados com velocidade, muitos guitarristas se esquecem de explorar o lado sonoro e individual de cada escala. Conhecendo as características dos modos, você poderá aplicá-los de diversas maneiras, colorindo seu fraseado de forma pessoal e consciente. Nesta lição, diferente da abordagem técnica que vem sendo aplicada a esse tema durante muito tempo, vamos destrinchar cada modo e mostrar suas sonoridades.
Podemos definir escalas como sons individuais ordenados. Elas podem ser aplicadas em quase todos os instrumentos, respeitando a tessitura (extensão sonora de um instrumento- da nota mais grave à mais aguda) de cada um. Melodias empregam notas de alturas diferentes em movimentos de graus conjuntos e saltos ascendentes (ascending) ou descendentes (descending), conhecidos como intervalos. Assim, pode-se considerar as escalas, ordenações de notas e as melodias, desordenações.
Quem nunca ouviu falar da escala de C maior, formada por Dó Ré Mí Fá Sol Lá Sí.
Observem que nesta sequência, há dois tipos diferentes de intervalos. O semitom (ST), adotado pela musica ocidental como a menor distância entre duas notas, e o tom (T), que corresponde à soma de dois semitons.
Na guitarra, a passagem de uma casa para a sua vizinha corresponde ao intervalo de semitom. Pode-se produzir intervalos menores que o semitom através do emprego de bends e alavanca. Todas as demais distâncias entre notas (de alturas diferentes) são resultados da ampliação do número de semitons no intervalo.
Assim, a sequência T – T – ST – T – T – T – ST presente na escala de C maior, pode ser reproduzida a partir de qualquer nota musical.
Modos Derivados
Podemos definir modo como a maneira particular com que tons e semitons encontram-se dispostos entre as notas de uma escala. Os Modos Derivados são todos aqueles gerados por um mesmo grupo de notas que formam uma escala . Cada novo modo parte de um grau da mesma escala e mantém as mesmas notas, mudando apenas a ordem de T e ST. Veja os modos derivados na escala de C maior.
Modos derivados na escala de C maior
C Jônio
1 2 3 4 5 6 7 8
C D E F G A B C onde sua tessitura é T-T-ST-T-T-T-ST
D Dórico
1 2 b3 4 5 6 b7 8
D E F G A B C D onde sua tessitura é T-T-ST-T-T-T-ST
E Frígio
1 b2 b3 4 5 b6 b7 8
E F G A B C D E onde sua tessitura é ST-T-T-T-ST-T-T
F Lídio
1 2 3 #4 5 6 7 8
F G A B C D E F onde sua tessitura é T-T-T-ST-T-T-ST
G Mixolidio
1 2 3 4 5 6 b7 8
G A B C D E F G onde sua tessitura é T-T-ST-T-T-ST-T
A Eólio
1 2 b3 4 5 b6 b7 8
A B C D E F G A onde sua tessitura é T-ST-T-T-ST-T-T
B Lócrio
1 b2 b3 4 b5 b6 b7 8
B C D E F G A B onde sua tessitura é ST-T-T-ST-T-T-T
Modos Paralelos
São formados quando cada modo começa com a mesma fundamental, diferente dos modos derivados, os paralelos não possuem as mesmas notas em suas constituições, mas mantém entre as suas notas a mesma relação intervalar (sequência T e ST), presente no modo derivado correspondente.
Modos Paralelos de C
C Jônio
C – D – E – F – G – A – B – C
C Dórico
C – D – Eb – F – G – A – Bb – C
C Frígio
C – Db – Eb – F – G – Ab – Bb – C
C Lídio
C – D – E – F# – G – A – B – C
C Mixolídio
C – D – E – F – G – A – Bb – C
C Eólio
C – D – Eb – F – G – Ab – Bb – C
C Lócrio
C – Db – Eb – F – Gb – Ab – Bb – C
Abertura Modal
Na década de 60, músicos como George Russell começaram a ver a importância do estudo dos modos levando em consideração a sua própria dilatação intervalar ou espaçamentos entre as notas.
Tendo como referência uma mesma nota fundamental, os modos com espaçamentos mais abertos produziriam segundo esta proposta, uma sonoridade mais suave e plana. Os modos mais fechados teriam um som menos brilhante, mais sombrio. As sonoridades mais planas nos induzem a um maior relaxamento. Por exemplo, no modo lídio, a Quarta aumentada mantém uma distância de um tom da Terça maior, e a Sexta maior separa-se por um tom da sétima maior – Terça e sétima são consideradas os pilares mais sólidos de uma escala ou acorde, qualquer conflito com elas gera tensão.
Os sons mais tensos das escalas mais fechadas causam sensações opostas. Desta forma, os modos podem ser organizados de maneira que haja apenas a mudança de uma nota entr5e cada uma.
Ordenação dos Modos de Acordo com seus Espaçamentos
Lídio F 2 3 4# 5 6 7 8
Jônio F 2 3 4 5 6 7 8
Mixolídio F 2 3 4 5 6 7b 8
Dórico F 2 3b 4 5 6 7b 8
Eólio F 2 3b 4 5 6b 7b 8
Frígio F 2b 3b 4 5 6b 7b 8
Lócrio F 2b 3b 4 5b 6b 7b 8
Ordenando os modos de acordo com seus espaçamentos internos, note as mudanças:
Do lídio para o jônio, a 4ª aumentada desce para justa;
De jônio para mixolídio, a 7ª maior desce para 7ª menor;
De mixolídio para dórico, a 3ª maior desce para 3ª menor;
De dórico para eólio, a 6ª maior desce para 6ª menor;
De eólio para frígio, a 2ª maior desce para 2ª menor;
De frígio para lócrio, a 5ª justa desce para 5ª diminuta (5b).
Neste conceito, o modo lídio ganhou disparado como o menos tenso de todos por ser o mais espaçado e produzir uma sonoridade mais plana. O lócrio é o mais tenso e fechado.